É sempre a mesma história
Ontem, o CDS falou bem. Falou bem até meio, depois disparatou. Pela mão de Mota Soares, o CDS prometeu travar os cortes no abono de família. Sim, senhor. Muito bem. Mas depois Mota Soares lá disse que se o Governo retirasse um pedaço às empresas públicas, podia então apoiar as pobres famílias que ganham seiscentos euros por mês. Música, portanto.
Uma coisa são as empresas públicas, sorvedouros de dinheiro público, mal geridas, estruturalmente deficitárias, monopolistas, corrompidas e nas mãos do compadrio partidário, outra são os cortes nos abonos de família, injustos e abruptos. De facto, pedir ajuda para pagar a crise a famílias que ganham entre seiscentos e setecentos euros por mês é, no mínimo, um pequeno crime político.
Mas uma coisa são as empresas públicas, repito, outra é o abono às famílias. Misturar os dois problemas é criar um caos populista na cabeça do eleitorado, que umas vezes origina sucesso eleitoral, outras tantas não. Sim, porque as pessoas gostam muito do estilo Robin Hood - tirar às empresas públicas para dar ao abono - mas já imaginam que os "Robins" da oposição, uma vez no poder, nem tiram das empresas nem dão ao abono. É sempre a mesma história.